Diferença de tamanho entre as aves influencia no consumo; fêmea é mais viável para a ceia enquanto o macho é destinado a outros produtos
Por que a perua domina a ceia de Natal?
O peru há muito tempo é símbolo das celebrações natalinas. Contudo, quem de fato rouba a cena nas ceias não é o macho, mas a fêmea da espécie. Essa escolha se deve a fatores econômicos e práticos, conforme explica Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves.
A principal diferença está no tamanho: os machos crescem muito mais que as fêmeas, chegando a pesar até 25 kg, enquanto as peruas atingem cerca de 5 kg antes do abate. Esse peso reduzido torna a fêmea mais atrativa para a comercialização inteira, já que o macho, por seu porte avantajado, é destinado principalmente à produção de cortes e derivados, como peito de peru e salsichas.
Manejo e alimentação
Os perus e as peruas são criados separadamente, com o objetivo de evitar que os machos, por seu comportamento competitivo, consumam todo o alimento disponível. Ainda que recebam a mesma ração, os machos conseguem crescer até 10 kg a mais que as fêmeas, tornando necessário esse manejo diferenciado.
As peruas são abatidas por volta das 10 semanas de vida, quando ultrapassam os 5 kg e apresentam uma carcaça ideal para a ceia de Natal. Já os machos seguem o processo de criação até as 20 semanas, quando atingem seu peso máximo e são utilizados na produção de produtos industrializados.
Custo elevado e baixa produção
Outra razão para a popularidade da perua nas ceias natalinas é o custo elevado de produção do peru. Tanto os pintos quanto os ovos da espécie têm valores superiores aos de outras aves, como a galinha. Isso ocorre porque uma perua põe, em média, apenas 80 ovos ao ano, enquanto uma galinha comum pode alcançar cerca de 180 ovos no mesmo período.
Essa baixa produtividade reflete diretamente no preço final da ave e de seus derivados, tornando a criação mais cara e seletiva.
