Especialistas apontam fragilidade física, uso de medicamentos e falta de acessibilidade como fatores de risco
Cerca de 40% das pessoas com mais de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano no Brasil. O dado, divulgado pelo Ministério da Saúde, alerta para um cenário preocupante: as quedas entre idosos são hoje a segunda principal causa de morte por acidentes nessa faixa etária, superando outros tipos de ocorrências fatais.
Segundo o ortopedista Alexandre Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Bahia, cerca de 30% dos idosos caem ao menos uma vez por ano. “O mais preocupante é que metade deles volta a cair. Isso está diretamente ligado à sarcopenia, à osteoporose, à perda de massa muscular e às dificuldades do envelhecimento natural”, afirma.
Uso de medicamentos e ambientes inseguros elevam os riscos
Além das limitações físicas, Meirelles alerta que o uso excessivo de medicamentos também contribui para os acidentes. “Muitos idosos fazem uso de diversos remédios ao mesmo tempo, o que pode causar sonolência, perda de equilíbrio e redução da cognição. Isso aumenta o risco de queda de forma significativa.”
A prevenção, de acordo com ele, deve começar com hábitos saudáveis. “Uma boa alimentação, noites de sono adequadas e prática regular de exercícios físicos são fundamentais para manter a autonomia e a segurança na terceira idade.”
Adaptação de espaços pode salvar vidas
A arquiteta e urbanista Thamille Castro, especialista em acessibilidade, destaca a importância de adaptar os ambientes para reduzir riscos. Segundo ela, pequenas mudanças podem evitar acidentes graves: “Ampliar os espaços de circulação, remover móveis com quinas perigosas, melhorar a iluminação e ajustar a altura de camas e sofás fazem toda a diferença.”
Thamille também chama atenção para a importância da visibilidade nos ambientes. “Um degrau mal iluminado ou sem contraste pode ser imperceptível para o idoso. Objetos de decoração mal posicionados também representam perigo constante”, afirma.
A queda pode parecer um acidente simples, mas para o idoso ela representa uma ameaça real e recorrente. Diante do envelhecimento da população brasileira, a atenção à segurança doméstica e urbana é urgente para evitar que esses acidentes continuem tirando vidas.