Chaveiro de 77 anos deixa legado cultural e familiar; sirene é patrimônio imaterial desde 2004

Juiz de Fora perdeu, na noite desta quarta-feira (3), uma de suas figuras mais emblemáticas: César Lourenço Raso, chaveiro de 77 anos que manteve vivo, por mais de uma década, o tradicional Apito do Meio-Dia no Calçadão da Rua Halfeld. Ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia, onde tratava de pneumonia e complicações cardíacas.

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Reconhecido por sua dedicação à cidade, César não era apenas o responsável por acionar a sirene diariamente às 11h59min30s. Ele simbolizava uma memória coletiva que atravessou gerações. Em 2024, declarou em entrevista: “Todo dia, meio-dia, tem que tocar. Enquanto eu viver, farei isso de segunda a sábado.”

Legado cultural e pessoal

Casado há 52 anos com Juliana Cezario, deixou três filhos — Daniella, Leandro e Leonardo — e quatro netos. À frente da loja Chavelândia, instalada há mais de cinco décadas na Galeria Pio X, acompanhou as transformações do comércio local sem nunca perder a simpatia e o humor que lhe garantiram o respeito da comunidade.

A campainha, como fazia questão de chamar a sirene, tornou-se patrimônio imaterial de Juiz de Fora em 2004. Criada pela joalheria Meridiano em 1927, a tradição passou às mãos de César há cerca de 10 anos, quando a joalheria original encerrou atividades na galeria. Desde então, ele se tornou o guardião de um som que já anunciou marcos históricos, como o fim da Segunda Guerra Mundial.

Última homenagem

O velório acontece no Cemitério Parque da Saudade e o sepultamento está marcado para as 14h30, no Cemitério Municipal. Amigos, familiares e cidadãos comparecem para se despedir de um homem que transformou um simples gesto em patrimônio cultural e afetivo da cidade.

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