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Russos mudam de sexo para evitar convocação para a guerra

Alegando evasão da convocação militar, parlamentares russos querem endurecer as leis e proibir a mudança de sexo na Rússia

Russos mudam de sexo para evitar convocação para a guerra
Militares russos em preparo para deslocamento à Ucrânia. Foto: AFP

Em uma investida inédita e polêmica, políticos russos estão promovendo uma campanha robusta para aprovar uma legislação que impede qualquer forma de alteração de gênero, seja por meio de cirurgias ou não. Alega-se que esta medida, atualmente em processo de análise, surge como uma resposta ao aumento do número de cidadãos que estariam utilizando a mudança de gênero como estratégia para evitar o recrutamento para o conflito na Ucrânia, instaurado em fevereiro do ano anterior.

Conforme relatado pelo portal de notícias russo de orientação anti-Kremlin, “Meduza”, a proposta de lei em questão tem recebido o respaldo de aproximadamente 400 políticos, incluindo o Ministério da Justiça. A adoção desta medida, se aprovada, poderia significar uma mudança significativa na política social do país.

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Pyotr Tolstoy, representante do partido Russia Unida, expressou seu apoio à medida, afirmando: “Esta ação vai de encontro aos nossos valores e aos princípios estabelecidos em nossa Constituição. Estamos empenhados em preservar a Rússia para as gerações futuras, mantendo nossos valores culturais e familiares, nossas tradições, e colocando um obstáculo no caminho da ideologia anti-família ocidental.”

A suspeita sobre o aumento das mudanças de gênero e seu possível vínculo com a evasão do serviço militar foi corroborada tanto por membros do parlamento quanto pelo Ministério da Justiça. De acordo com um parlamentar do Partido Comunista Russo, muitos dos homens que não conseguiram deixar o país após a mobilização promovida por Vladimir Putin em setembro do último ano recorreram a clínicas privadas para efetuar a mudança.

Inicialmente prevista para ser votada em 15 de maio, a avaliação da proposta de lei foi adiada, com o intuito de tornar as restrições ainda mais severas.

Dados oficiais apontam que, entre 2018 e 2022, aproximadamente 27 mil homens fizeram a mudança de gênero na Rússia, tanto cirurgicamente quanto de outra forma. Entretanto, desde o início do conflito com a ex-república soviética, nenhuma nova estatística foi divulgada.

Para suprir a necessidade de efetivo no território em conflito, Putin autorizou que o Grupo Wagner, milícia alinhada com Moscou, incorporasse condenados por diversos crimes à suas fileiras. Desde o início da guerra, cidadãos russos têm buscado formas alternativas para evitar o recrutamento, chegando até a se auto infligir ferimentos para não serem enviados ao front.

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