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A problemática expressão ‘Anjo Azul’ para autistas e porque devemos evitá-la

Linguagem capacitista e estereotipada desumaniza e infantiliza pessoas autistas

A linguagem exerce um papel fundamental na nossa percepção e na forma como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Contudo, certas expressões e termos podem ser prejudiciais ao perpetuar estereótipos e preconceitos. Um exemplo disso é o uso frequente da expressão “Anjo Azul” para se referir a pessoas autistas. Neste artigo, exploraremos as razões pelas quais essa expressão é capacitista e a importância de evitá-la.

O significado problemático da expressão

A expressão “Anjo Azul” é frequentemente empregada para descrever indivíduos autistas como seres especiais, dotados de uma pureza ou sabedoria superior. No entanto, essa representação idealizada e romantizada é problemática, pois cria uma imagem distorcida e simplificada das experiências e habilidades dos autistas.

Desumanização e infantilização

Ao utilizar a expressão “Anjo Azul” para se referir a pessoas autistas, corremos o risco de desumanizá-las e infantilizá-las. Ao atribuir características angelicais e associar a cor azul a essa imagem, estamos colocando os autistas em um pedestal, tratando-os como figuras divinas em vez de reconhecê-los como seres humanos com suas próprias individualidades e complexidades.

Capacitismo embutido

Além disso, o uso da expressão “Anjo Azul” também carrega consigo um viés capacitista. O capacitismo é uma forma de discriminação que parte da suposição de que pessoas com deficiência, incluindo autistas, são inferiores ou menos capazes do que aquelas sem deficiência. Ao romantizar os autistas como “Anjos Azuis”, estamos perpetuando a noção de que eles são seres intocáveis, em vez de reconhecer suas habilidades e desafios como partes essenciais de suas vidas.

Autodeterminação e autenticidade

Ao utilizar a expressão “Anjo Azul”, estamos limitando a capacidade dos autistas de se definirem e se expressarem como indivíduos únicos. Cada pessoa autista possui suas próprias experiências, talentos e lutas. Ao adotar uma visão homogeneizada e estereotipada, negamos a eles a oportunidade de serem reconhecidos em sua autenticidade e diversidade.

Uma alternativa respeitosa: “Pessoa Autista”

Para uma abordagem mais inclusiva e respeitosa, é preferível utilizar o termo “pessoa autista”. Essa terminologia coloca a identidade da pessoa em primeiro lugar, antes de sua condição ou diagnóstico. Ela reconhece a individualidade e a humanidade dos autistas, permitindo que sejam vistos como protagonistas de suas próprias histórias e experiências.

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