Cerimônia de colação de grau destaca inclusão e acessibilidade na educação superior

A cerimônia de colação de grau da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi marcada por um momento histórico de inclusão. Thaís Monteiro, formanda do curso de Letras-Libras, tornou-se a primeira oradora surda a realizar um discurso em Língua Brasileira de Sinais (Libras) na instituição. A solenidade, que aconteceu nos dias 11 e 12 de dezembro, reuniu estudantes de 13 cursos diferentes.

Thaís ingressou na UFJF em 2016 por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um ano após a entrada da primeira aluna surda na universidade. Desde então, sua trajetória acadêmica foi permeada por desafios relacionados à falta de acessibilidade. Desde a infância, a estudante enfrentou dificuldades educacionais, mesmo em escolas particulares, devido à ausência de profissionais capacitados no ensino de Libras.

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Durante o discurso, Thaís destacou a importância da inclusão e do suporte recebido pela universidade. “Quero agradecer a todos os profissionais que nos deram segurança e garantiram nosso direito linguístico. Posso dizer que não houve exclusão. Este é apenas o começo. Continuaremos estudando e batalhando pelo nosso Brasil, porque somos os protagonistas de nossas histórias”, afirmou emocionada.

Thaís também compartilhou sua intenção de atuar como professora e influenciadora digital, visando ampliar o acesso à educação em Libras e reduzir as barreiras entre ouvintes e surdos. “Meu sonho é trabalhar na área de Letras-Libras, promovendo a acessibilidade e mostrando que é possível superar as dificuldades”, disse.

Avanços e desafios na inclusão de surdos

A UFJF conta com diversas iniciativas voltadas à acessibilidade, como o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), que presta suporte a estudantes com deficiência. Segundo a coordenadora do núcleo, Aline Garcia, o trabalho é focado em identificar as necessidades de cada aluno e garantir adaptações. Atualmente, a UFJF possui 11 estudantes e três professores surdos que utilizam Libras como principal meio de comunicação, com intérpretes disponíveis para acompanhá-los durante as aulas.

Além disso, o curso de Letras-Libras oferece 30 vagas anualmente, com um edital especial que reserva três vagas para candidatos surdos. A universidade também desenvolve o programa de extensão “Acessibilidade linguística para surdos (ALiS)”, voltado à integração linguístico-social e à permanência acadêmica desses estudantes.

Embora tenha havido avanços significativos desde o reconhecimento da Libras como meio legal de comunicação em 2002, Thaís ressalta que o caminho para a inclusão plena ainda é longo. “A sociedade ainda enfrenta barreiras estruturais e culturais para lidar com pessoas com deficiência”, pontuou. No entanto, para ela, cada conquista representa resistência e motivo de celebração.

Perspectivas para o futuro

Além do suporte acadêmico, a UFJF oferece cursos de formação voltados à educação inclusiva, como o Programa de Formação de Professores (Parfor). Essas iniciativas buscam capacitar profissionais para atuarem na educação básica, contribuindo para uma sociedade mais acessível e igualitária.

Thaís Monteiro, com sua trajetória e discurso inspirador, representa a força da inclusão e o impacto positivo da educação acessível. Seu exemplo reforça a importância de políticas públicas e ações institucionais que promovam o direito à educação para todos.

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