Medida de isenção de impostos tenta frear inflação, mas especialistas apontam que gastos públicos impulsionam preços
O governo federal anunciou a isenção da tarifa de importação para produtos como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva. A decisão, divulgada na última quinta-feira (6), faz parte de um pacote de medidas para tentar conter a inflação dos alimentos. Além disso, o Executivo solicitou aos estados que eliminem impostos sobre itens da cesta básica, já isentos de tributos federais desde a reforma tributária, que entrará em vigor em 2027.
A medida, porém, levanta questionamentos sobre sua real eficácia. Economistas afirmam que a inflação dos alimentos está diretamente ligada à política fiscal do próprio governo, que aumenta gastos e pressiona o mercado. Especialistas alertam que desonerar a importação pode ter efeito temporário, mas não resolve o problema estrutural da alta de preços.
Política fiscal e aumento de impostos impactam custo de vida
A inflação dos alimentos tem preocupado o governo, mas até agora não havia sido apresentada nenhuma ação concreta para revertê-la. Nos últimos meses, o aumento do custo da comida foi impulsionado por fatores como a alta do dólar, reajustes no ICMS dos combustíveis e políticas de gastos que ampliam o déficit público. Esses elementos pressionam a inflação e tornam os alimentos ainda mais caros para a população.
Dados do IBGE indicam que o grupo de alimentação e bebidas foi responsável por um terço da inflação medida pelo IPCA em 2024. O preço da carne, por exemplo, subiu 20,84% nos últimos 12 meses, o maior aumento desde 2019. Além disso, fatores climáticos, como chuvas intensas em regiões produtoras, também impactam a oferta de hortifrútis.
Para especialistas, o governo precisa equilibrar as contas públicas e reduzir a carga tributária em toda a cadeia produtiva, e não apenas na importação, para garantir uma redução sustentável dos preços dos alimentos. Caso contrário, medidas pontuais como a isenção temporária de tarifas podem ter pouco impacto a longo prazo.