Enquanto arrecada milhões com infrações, cidade enfrenta ruas esburacadas, sinalização precária e mato avançando sobre vias
Nos primeiros seis meses de 2025, a Prefeitura de Juiz de Fora aplicou 89.276 multas de trânsito, o que equivale a uma média de quase 500 infrações registradas por dia. O montante arrecadado ultrapassa R$ 10,6 milhões, mas quem circula pela cidade percebe que o valor pesado pago pelos motoristas não se reflete em melhorias visíveis na infraestrutura urbana.
O mês de junho liderou o ranking de autuações, com 17.488 registros, seguido por janeiro (15.820) e maio (14.964). Mais da metade das multas — 69% — foi emitida por radares, que se multiplicam por diversos pontos da cidade. Só neste mês de agosto, seis novos equipamentos começaram a operar, aumentando a vigilância sobre motoristas que excedem o limite de velocidade, avançam sinais vermelhos ou param sobre faixas de pedestres.
Problemas nas ruas contrastam com alta arrecadação
Apesar da receita milionária, o cenário das vias de Juiz de Fora expõe uma realidade preocupante. O asfalto remendado de forma irregular provoca trepidações e danos aos veículos. Tampas de bueiro afundadas e desalinhadas, com bordas cortantes, oferecem risco constante a motoristas e motociclistas. Nos cruzamentos, a falta de sincronização dos semáforos causa congestionamentos e aumenta o risco de acidentes.
Além disso, o mato cresce junto ao meio-fio em diversos bairros, estreitando a pista e prejudicando a visibilidade. A sinalização horizontal, quando não está apagada, é praticamente inexistente em várias vias, tornando a condução mais perigosa, especialmente à noite ou em dias de chuva.
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Sanha arrecadatória
O valor total das multas aplicadas chegou a R$ 14,8 milhões, mas parte desse montante não entrou nos cofres municipais por destinações legais e custos operacionais. Ainda assim, a gestão da prefeita Margarida Salomão mantém um ritmo elevado de autuações, gerando críticas sobre uma suposta prioridade em punir ao invés de prevenir.
Em julho, Margarida vetou um projeto que destinaria 5% da arrecadação de multas para obras de acessibilidade e melhorias na sinalização tátil e sonora. Caso a proposta fosse aprovada, cerca de R$ 530 mil teriam sido investidos diretamente em segurança viária. O veto reacendeu questionamentos sobre a real destinação dos recursos e a efetividade das ações da Prefeitura para melhorar a mobilidade e a segurança no trânsito.