Apesar de enfrentar crise financeira severa, estatal anuncia investimento milionário em frota nova e ecológica
Estatal admite dificuldades para manter folha de pagamento em dia
Mesmo diante de um déficit de R$ 2,6 bilhões em 2024, os Correios anunciaram que pretendem renovar sua frota com veículos elétricos zero quilômetro. A decisão surpreende, já que a própria estatal reconheceu, em documento oficial, que enfrenta dificuldades para pagar os salários dos funcionários e fornecedores.
Conforme relatório divulgado no início de maio, a empresa utilizou 92% do caixa disponível no ano passado e conta atualmente com apenas R$ 249 milhões em liquidez imediata. Essa escassez de recursos causou atrasos nos repasses às transportadoras terceirizadas e às agências conveniadas, impactando diretamente a logística de entrega no país.
Mesmo sem dinheiro, empresa anuncia compras milionárias
Enquanto tenta cortar custos com suspensão de férias, redução de jornada e corte de comissionados, os Correios anunciaram a intenção de adquirir furgões elétricos, bicicletas cargo e elétricas, como parte de um plano de transição ecológica previsto para os próximos cinco anos.
Só em 2024, foram comprados 50 furgões elétricos, 3.996 bicicletas cargo com baú, 2.306 bicicletas elétricas e 1.502 veículos convencionais. O total investido em veículos nos últimos dois anos já passa de R$ 698 milhões, valor que contrasta com o atual esforço da estatal em economizar R$ 1,5 bilhão até 2025 por meio de medidas emergenciais que atingem diretamente os funcionários.
Segundo a direção da estatal, a prioridade continua sendo alinhar a operação com metas ambientais. “A sustentabilidade continuará a ser tema central em nosso dia a dia”, diz trecho do relatório estratégico.
Frota nova contrasta com corte de benefícios e retorno ao presencial
Além da compra dos veículos, os Correios também anunciaram o fim do trabalho remoto a partir de junho de 2025 e a suspensão temporária das férias dos funcionários. A justificativa oficial é conter gastos com pessoal, que chegaram a R$ 10,3 bilhões em 2024, valor R$ 700 milhões acima do registrado em 2023.
Mesmo com 85% das unidades operacionais operando com prejuízo, a empresa insiste na importância de manter os serviços postais em todos os municípios brasileiros. No entanto, especialistas apontam que o investimento em veículos novos em meio à crise pode aprofundar o desequilíbrio financeiro da estatal.