Autor peruano foi referência da literatura mundial por mais de seis décadas e usou a ficção para refletir sobre política e sociedade
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, faleceu neste domingo, 13 de abril, em Lima, aos 89 anos. O anúncio foi feito por seu filho, Álvaro Vargas Llosa, em uma publicação nas redes sociais. “Com profunda dor, tornamos público que nosso pai faleceu hoje em Lima, cercado por sua família e em paz”, escreveu ele.
Vargas Llosa expôs feridas políticas e sociais da América Latina
Desde o início da carreira, com o livro Os Chefes, publicado em 1959, Vargas Llosa destacou-se por uma escrita crítica, marcada pelo enfrentamento de temas delicados. Em A Cidade e os Cães, de 1963, desnudou a violência dos colégios militares peruanos. Já em A Casa Verde, obra lançada três anos depois, consolidou-se como um dos grandes nomes da literatura hispano-americana.
Considerado um dos romances mais importantes do século XX, Conversa na Catedral escancarou os bastidores da corrupção no Peru, reafirmando o papel do autor como voz política de sua geração. Em A Festa do Bode, Vargas Llosa mergulhou no regime de Rafael Trujillo na República Dominicana, mantendo o compromisso de denunciar injustiças por meio da ficção.
Legado de um autor que atravessou gerações e fronteiras
Mesmo com o avanço da idade, o autor manteve-se ativo, publicando títulos como O Herói Discreto e Tempos Ásperos, que abordou a intervenção dos Estados Unidos na Guatemala e lhe rendeu o Prêmio Francisco Umbral de Romance. Ao longo de mais de seis décadas de produção literária, teve suas obras traduzidas para mais de 30 idiomas e recebeu prêmios de prestígio, como o Cervantes, o Príncipe de Astúrias e o Rómulo Gallegos.
A morte de Vargas Llosa representa o fim de uma era para a literatura de língua espanhola. Sua obra permanece como testemunho de um tempo e de uma luta travada com palavras