Uma análise sobre as críticas aos jovens atuais e os fatores que moldaram suas características
Nas últimas décadas, cada geração enfrentou críticas que a caracterizam de forma negativa. No caso da geração Z, formada por jovens nascidos entre o final dos anos 1990 e 2010, a percepção de que são mimados, egocêntricos e emocionalmente frágeis tornou-se comum em discursos de diversas faixas etárias. Mas o que está por trás dessa imagem? Especialistas apontam uma combinação de mudanças culturais, avanços tecnológicos e transformações no ambiente familiar como fatores determinantes.
De acordo com o sociólogo Manuel Castells, a geração Z cresceu em um mundo digital, onde redes sociais desempenham papel central. “A exposição constante a opiniões, críticas e padrões de comportamento impacta profundamente o senso de identidade e autoestima dos jovens”, explica. Essa dinâmica, segundo ele, pode levar a um comportamento mais introspectivo e centrado no próprio indivíduo, alimentando o rótulo de egocentrismo.
Ambientes superprotetores
Além disso, especialistas em psicologia destacam que muitos jovens dessa geração foram criados em ambientes superprotetores. A psicóloga Ana Maria Vasconcelos ressalta que a transição de modelos parentais autoritários para estilos mais permissivos resultou em uma maior dificuldade para lidar com frustrações. “Quando os pais tentam eliminar obstáculos para os filhos, a capacidade de enfrentar desafios pode ser comprometida”, afirma.
O mercado de trabalho é outra área onde a geração Z enfrenta resistência. Para o economista Marcelo Prado, é injusto considerar esses jovens incompetentes ou incapazes. Ele argumenta que a hipercompetitividade do mercado, associada à exigência de habilidades complexas e a um cenário econômico instável, coloca essa geração em desvantagem inicial. “Eles têm um perfil inovador e adaptável, mas enfrentam barreiras que não estavam presentes em décadas anteriores”, comenta.
Empatia e consciência social
Por outro lado, é importante contextualizar a hipersensibilidade atribuída à geração Z. A antropóloga Luiza Freitas defende que essa característica pode ser interpretada como maior empatia e consciência social. “Os jovens de hoje são mais abertos a debates sobre saúde mental, diversidade e desigualdades. Isso pode ser visto como fraqueza por gerações anteriores, mas também é reflexo de avanços sociais significativos”, argumenta.
Portanto, as críticas à geração Z muitas vezes ignoram o contexto histórico e social em que esses jovens cresceram. Embora possam apresentar comportamentos distintos de seus antecessores, esses traços são consequência direta de uma sociedade em constante transformação.