A democratização da internet e o avanço de IAs hiper-realistas desafiam pais a redobrar os cuidados com a segurança digital das crianças
A tecnologia trouxe incontáveis avanços, mas também desafios preocupantes para a segurança das famílias. O surgimento de inteligências artificiais capazes de criar personagens hiper-realistas, simulando rostos, vozes e comportamentos de pessoas conhecidas, acendeu um alerta: a proteção das crianças contra abusos e manipulações precisa ir além dos limites físicos e alcançar o mundo virtual.
Um caso recente que circulou nas redes sociais destacou como pedófilos estão utilizando ferramentas tecnológicas para se aproximar de menores. Segundo especialistas, criminosos têm se aproveitado da ingenuidade infantil e do uso cada vez mais frequente de plataformas digitais pelas crianças. Por meio de perfis falsos e mensagens personalizadas, eles simulam a identidade de amigos ou parentes para conquistar a confiança dos pequenos.
Democratização da redes sociais
O impacto da democratização das redes sociais é significativo. Dados de um relatório do SaferNet Brasil apontam que, em 2023, houve um aumento de 47% nas denúncias de crimes de abuso infantil envolvendo tecnologias digitais. Especialistas afirmam que o perigo é amplificado pelo uso de deepfakes — vídeos ou áudios gerados por IA que replicam com extrema precisão o rosto e a voz de qualquer pessoa.
A psicóloga infantil Maria Fernanda Ribeiro, especializada em segurança digital, destaca que os pais devem adotar medidas preventivas. “É essencial acompanhar de perto a atividade online das crianças, estabelecer regras claras e dialogar sobre os riscos presentes na internet”, afirma. Além disso, ela recomenda o uso de ferramentas de controle parental e a orientação constante sobre como identificar comportamentos suspeitos em aplicativos de mensagens ou redes sociais.
O advogado Pedro Silva, especialista em direito digital, reforça que o diálogo entre pais e filhos deve ser aliado a uma postura ativa em denunciar perfis suspeitos. Ele também chama a atenção para a importância de campanhas públicas de conscientização, que podem ajudar as famílias a se protegerem. “A legislação precisa acompanhar a rapidez das mudanças tecnológicas, e o fortalecimento de órgãos de fiscalização é indispensável para prevenir crimes dessa natureza”, enfatiza.
Como proteger seus filhos?
Os especialistas listam algumas práticas essenciais para os pais:
- Monitore o acesso à internet: Utilize ferramentas de controle parental para limitar o tempo e os conteúdos acessados.
- Eduque sobre privacidade: Ensine as crianças a não compartilharem informações pessoais ou senhas.
- Fortaleça a comunicação: Crie um ambiente em que seus filhos sintam segurança para compartilhar suas interações digitais.
- Denuncie atividades suspeitas: Utilize canais oficiais, como o Disque 100 e a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos.
Embora a tecnologia ofereça novas ferramentas para o aprendizado e a interação social, ela também demanda vigilância constante. A segurança das crianças depende da união entre educação familiar, conscientização e o fortalecimento de políticas públicas.