Classificação atual integra o diagnóstico ao transtorno do espectro autista (TEA)

Por muitos anos, o termo “síndrome de Asperger” foi utilizado para descrever indivíduos com dificuldades na interação social, comportamento repetitivo e interesses restritos, mas sem comprometimento cognitivo ou na linguagem. No entanto, desde 2013, essa nomenclatura deixou de ser usada oficialmente. Atualmente, os diagnósticos antes atribuídos à síndrome foram incorporados ao transtorno do espectro autista (TEA) como autismo nível 1 de suporte.

A mudança ocorreu com a publicação da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), referência global na área. Segundo especialistas, essa reclassificação visa ampliar a compreensão do autismo, reconhecendo-o como um espectro contínuo, sem divisões rígidas. O mesmo ocorreu na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), em vigor desde 2022, que também excluiu o termo Asperger como diagnóstico independente.

Notícias no WhatsApp
🔔 Receba notícias diretamente no seu WhatsApp! Clique aqui!

Entenda a mudança

O termo “síndrome de Asperger” surgiu em 1944, quando o pediatra austríaco Hans Asperger descreveu crianças com dificuldades sociais e comportamentais específicas. Contudo, com o avanço da psiquiatria, percebeu-se que essas características fazem parte de um espectro mais amplo. Em vez de classificações separadas, a abordagem atual considera a intensidade e a frequência dos sintomas, permitindo diagnósticos mais individualizados.

Para o psicólogo Leandro Cunha, essa mudança foi essencial para evitar a hierarquização entre os diferentes graus do autismo. “A separação anterior fazia parecer que algumas pessoas enfrentavam desafios menores do que outras, o que não refletia a realidade clínica”, explica.

A psicóloga e psicanalista Sílvia Oliveira também avalia positivamente a nova abordagem. “Compreender o autismo como um espectro contínuo melhora o acesso ao suporte adequado e reduz barreiras artificiais no diagnóstico”, afirma.

Reflexos na vida dos diagnosticados

Leonardo Sampaio, de 22 anos, recebeu o diagnóstico de autismo nível 1 há um ano. Antes, os médicos suspeitavam de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). “Descobrir que faço parte do espectro autista me ajudou a entender melhor minhas dificuldades e a desenvolver estratégias para lidar com elas”, relata.

Para Ana Karoline Freitas, 21 anos, a mudança na nomenclatura foi um passo importante para a inclusão. “A antiga separação levava muitas pessoas a minimizar os desafios enfrentados pelos autistas nível 1. A atualização do diagnóstico reconhece que, independentemente do grau de suporte necessário, todos devem ter seus direitos respeitados”, defende.

Outro fator que reforçou o abandono do termo Asperger é a relação de seu criador com o regime nazista. Estudos indicam que Hans Asperger colaborou com políticas eugênicas que resultaram na exclusão de pessoas autistas consideradas “não funcionais”. Para muitos especialistas, essa ligação tornou ainda mais urgente a substituição do termo.

O impacto da nova classificação

A unificação dos diagnósticos dentro do TEA trouxe avanços na forma como o autismo é compreendido e tratado. A categorização por níveis de suporte permite um olhar mais individualizado sobre as necessidades de cada pessoa, facilitando a busca por tratamentos e adaptações adequadas.

Ao eliminar divisões que antes criavam estigmas, a reclassificação favorece uma visão mais inclusiva e alinhada com as reais necessidades dos autistas. “O mais importante é garantir que todos tenham acesso ao suporte necessário, sem que a nomenclatura crie barreiras no processo”, conclui Sílvia Oliveira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock